quinta-feira, fevereiro 01, 2007

TODOS DANÇAM NUS NO ELEVADOR DO CAOS

[Da Série Terrorismo Poético - Primeiro Ato]


Um velho mendigo, sujo, barbado e bêbado, trajando um vestido longo vermelho daquela famosa marca. Novo, impecávelmente novo. Dança loucamente no meio da avenida na hora do Rush.

O garotinho de cachos loiros e lindos olhos verdes no ápice de seus 9 anos de idade sobe no telhado de casa e se masturba à vista de todos enquanto brada com uma risada insana: “-Deus não passa de um velho safado!!!”.

Deitado no altar, chora o padre gordo usando uma coroa de espinhos e um ensanguentado manto vermelho do mesmo tom de sua Lingerie, abraçando a imagem da Virgem Maria. Em sua cinta-liga, farelos de hóstias e amassada dentro do cálice de ouro a homilia do dia; “queria morder tua carne ainda no corpo e sentir o sangue quente escorrer na boca, Senhor”.

A velhinha assiste à novela das 8 com um sorriso efêmero enquanto acaricia a cabeça do Rotweiller de seu neto que repousa entre suas coxas. Ele lhe retribui lambendo indecorosamente suas partes.

Todos aqueles carros com um único cartaz no pára-brisas: Logo abaixo da foto de um colorido girassol e em letras garrafais: BEBEZINHOS NATIMORTOS SÃO BENVINDOS À COZINHA DO NHECDONALD´S.

Um casal de idosos saindo do elevador. Ele sentindo-se um Jim Morrison da terceira idade, cantarola Wild Child; ela traz na mão uma versão moderna do Kama-Sutra e na virilha a tatuagem do coelhinho da Playboy . Ambos trajando nada mais que óculos de praia.

Todos dançam nus no elevador do Caos. A promessa do êxtase provocativo é como um pequeno Cocktail Molotov Poético: causa a fagulha explosiva do Terrorismo Romântico.