sábado, abril 14, 2007

INVASÕES BÁRBARAS


Esperou lá fora até a luz apagar e dois instantes mais. Sorrateiramente chegou à janela e adentrou o quarto tão silencioso quanto um sonho manso. Pé-ante-pé, foi ao guarda-roupas, abriu e encontrou o que procurava: a caixinha de sapatos onde ela guardava seu diário. Compulsivamente começou a apagar todas as páginas borradas de lágrimas-de-sábado. Tudo!
Retirou do bolso um pacote cheio de giz de cera e encheu com desenhos infantis as amareladas páginas e devolveu tudo ao seu lugar.
Saiu pela janela como um garoto travesso, com um sorriso exagerado de satisfação: Queria que ela guardasse na memória só as melhores lembranças.
[Dar boas histórias de presente era um passatempo que lhe fazia sorrir feliz.]