quarta-feira, fevereiro 22, 2006

IMPOSSIBILIDADES RECREATIVAS

[Pra você que quer voar fora da asa, pra quem continuo oferecendo um passeio no céu, pra morder as estrelas . ]

"O Guia do Mochileiro das Galáxias diz o seguinte a respeito de voar:
Há toda uma arte, ele diz, ou melhor, um jeitinho para voar. O jeitinho consiste em aprender como se jogar no chão e errar.
Encontre um belo dia, ele sugere, e experimente.
A primeira parte é fácil.
Ela requer apenas a habilidade de se jogar para frente com todo seu peso, e o desprendimento pra não se preocupar com o fato de que vai doer. Ou melhor, vai doer se você deixar de errar o chão.
Muitas pessoas deixam de errar o chão e, se estiverem praticando da forma correta, o mais provável é que vão deixar de errar o chão com muita força.
Claramente é o segundo ponto, que diz respeito a errar, que representa a maior difiuldade.
Um dos maiores problemas é que você precisa errar o chão acidentalmente. Não adianta tentar errar o chão de forma deliberada, porque você não irá conseguir. É preciso que sua atenção seja subitamente desviada por outra coisa quando você está a meio caminho, de forma que você não pense mais a respeito de estar caindo, ou a respeito do chão, ou sobre o quanto tudo isso irá doer, se você deixar de errar.
É reconhecidamente difícil remover sua atenção dessas três cosias durante a fração de segundo que você tem à sua disposição, o que explica por que muitas pessoas fracassam, bem como a eventual desilusão com esse esporte divertido e espetacular.
Contudo, se você tiver a sorte de ficar completamente distraido no momento crucial [...] você irá errar o chão completamente e ficará flutuando a poucos centimetros dele, de forma a parecer ligeiramente tolo.
Esse é o momento para uma sublime e delicada concentração.
Balance e flutue, flutue e balance. Ignore todas as considerações a respeito de seu proprio peso e simplesmente se deixe flutuar mais alto.
Não ouça nada que possam dizer nesse momento, porque dificilmente seria algo de útil.
[...]
Você pode, então, aprender diversas coisas sobre como controlar seu vôo. O truque está sempre em não pensar muito a fundo naquilo que você quer fazer, apenas deixe que aconteça, como se fosse algo perfeitamente natural.
Você também irá aprender como pousar suavemente, coisa com a qual, com quase toda certeza, você irá se atrapalhar - e se atrapalhar feio - em sua primeira tentativa.
[...]


[retirado de "A Vida, o Universo e Tudo mais". Douglas Adams. pág 76-78]


Porque aprender a errar o chão é tão necessário quanto certá-lo em cheio certas vezes.
Porque Voar é sempre uma opção agradável para os que querem algo mais.
Porque eu sou teimoso.
E porque eu continuo acreditando ná mágica das coisas.

o.

sábado, fevereiro 18, 2006

Os ensaios de Pés-trocados

Pés trocados, o equilibrista, tinha seu ofício como uma dádiva afinal quantos outros teriam malabares de sonhos e uma corda-bamba imaginária como instrumentos de trabalho?
Viver ali nas alturas, esbarrando em estrelas [ainda que isso lhe queimasse a ponta do nariz vez ou outra], cantarolando cores e fazendo truques [mágica, afinal não era bom em truques] com os dedos, entretendo seu público de sonhadores era maravilhoso.
Os olhares e sorrisos compensavam os tombos que eventualmente sofria. Quando caía, se deixava bater no chão com violência. Só usava suas asas pra levantar vôo depois de ter caído, pois considerava evitar quedas por medo do chão algo feio. Era como não lembrar de acordar pra dormir denovo.
Como sempre se pode melhorar, praticava insistentemente. Não que tivesse pretensões de ser o melhor, afinal não haviam disputas naquela arte. Lhe agradava estar ali, se tornando quem era.
Tal qual sorrir, viver ali brincando nas alturas e equilibrando sonhos se tornava cada dia mais uma coisa sua...

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Um segredo, uma mentira e um desabafo, em ordem trocada.


"As coisas não precisam ter acontecido para serem verdadeiras. Contos e sonhos são as sombras de verdades que irão resistir quandoos meros fatos forem poeira e cinzas esquecidos." (Sandman - Neil Gaiman)

Hoje amarrei meu par de asas e resolvi caminhar um pouco: vez por outra uma dor na sola dos pés faz você lembrar do caminho.

As coisas estão acontecendo de forma estranha. Abençoada seja a estranheza de dias impublicáveis.

A soma contida nessa equação é um destoante. Uma primária e uma secundária, dando luz à outra primária. Ao invés de azul, pinto um Blues no sorriso e tropeço nas claves de Sol que deveriam ser ditas.

Saudoso [de algo que não tenho fora da minha imaginação]

o.

[www.fotolog.com/cafeinaman]


quarta-feira, fevereiro 15, 2006

olhos teimosos não fecham

Aquela inquietante sensação de não saber o que realmente aconteceu, pode tirar você da cama no meio da madrugada: roubar seu sono, sonhos e ainda alguns minutos do seu dia ( entre uma e outra "pescada", onde vc consegue sonhar por meia hora em apenas dois segundos) e ainda ter a ousadia de capturar seus pensamentos. É desconfortável, perturbador eu diria.
Sobre certas coisas, nunca se pode ter certeza absoluta (sendo o mais otimista posssível, já que sobre todas elas certeza absoluta nunca é uma palavra utilizável).
Sutilmente você escorrega entre sorrisos, disfarçando os incômodos do dia, fazendo o possível pra não enlouquecer [apesar da insanidade ter suas vezes de dádiva]. Seguir passo-após-passo talvez seja a melhor terapia.
E eu tenho me contorcido entre ponteiros pra roubar fragmentos do que foge dos dedos de meus ilustres visitantes, público restrito e merecedor de mais que momentos corridos. Estou ali, mesmo quando não apareço.
[e certas surpresas às vezes tornam-se desagradáveis com o passar das horas].
frutos de um dia inconstante, corrido e cansativo.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Acordando...

Resolveu que nem só de estrelas e cores era feita a viagem. Catou a mochila verde, seu mordedor de realidades muito bem carregado, uma careta em forma de macaco e alguns de seus sonhos favoritos e entrou no estranho balanço com rodas, cujo interior era recheado de gargalhadas e reflexões da senhorita aBEbelha. Foi encontrar algumas perguntas (mesmo sendo o rei de numerosas dessas coisinhas interessantes).
Ganhou um tio, o qual tirou do sério [triângulos à parte, por favor], congelou beijos apaixonados de seus pais bem escolhidos [pois apesar de já ter os melhores, era ambicioso: queria os melhores e os melhores denovo]; ensinou ao homem-sublimação como morder-entre-segundos, mas ele vivia caindo sem querer acordar [nem pro gorila], e se vangloriava de causar cãibras nas bochechas da aBEbelha-nanana que não dava pausa em goles. Ganhou uma irmã que já tinha.
Brigou com o sal e o vento, pra saber o que queria. Ele respondeu em chuva e frio. Foi uma conversa agradável.
Enfim, Descobriu duas coisas a mais que sabia, mas teimava em não saber: O [S]ido não importunaria mais os tijolos à frente; e quando as cores são realmente teimosas, é melhor deixar elas correrem pra onde querem [mesmo que isso cause um desconforto tamanho em um dos sonhos guardados no bolso].
Agora que voltava à realidade, depois de ter ido bem fundo nos sonhos, lembraria de que certas coisas são como devem ser. E isso não é conformismo.
turn on:
Depois de três dias em off, ligar os botões e retornar à realidade é proporcionalmente tão agradável quanto perturbador.
Obrigado às melhores companhias que alguém pode ter em um fim de semana [mesmo com espuma, baldes de água, raves indesejáveis e placas de reservado].
o.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

FUGIU, ESCAPULIU.

Mesmo os desconstrutores precisam de folga...

Pra quem fica, até segunda-feira.

[não esqueçam de sonhar, enquanto eu vou ali fazer as estrelas tocarem o sal]

[e eu já estou com saudades das suas cores e dos dois pontos, mesmo com desencontrontros a todo custo]

[o.]

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Entre dias de Janeiro e fevereiro levo mordidas.

tic.tac.tic...tac.tic.tac.
tic.tac...tic.tac.tic...tac.tic.tac.
tic.tac.tic.tac.tic.tac...tic.tac...
Um dia arranquei os ponteiros do meu relógio de bolso, pra que invés de tic-tac, ele fizesse reticências.
Funcionou...
Agora os tique-taques viraram um grande bicho de dentes afiados, que vive me mordendo. Ele se esconde entre números em círculo, traços em 8 que se travestem em outros números, em mostradores digitais e grãos de areia que escorrem dentro do vidro.
Ele se esconde atrás de uma bandeira vermelha, de livros empoeirados e aquelas coisas simples que a centopéia-alga verde não gosta de fazer.
O monstro dos tique-taques me consome...
tic.tac.tic...tac.tic.tac.
tic.tac...tic.tac.tic...tac.tic.tac.
tic.tac.tic.tac.tic.tac...tic.tac...