quarta-feira, abril 26, 2006

Receita de uma Guloseima Rara

Os ingredientes:
* quatro medidas de Sonhos felizes, que se colhe na imaginação daqueles seres sorridentes;
* uma colher de chá de melodias, daquelas que mexem com os batimentos cardíacos;
* cores à gosto. Dê preferência àquelas que escorrem de suspiros bem adocicados;
* uma dose livre de futuros possíveis, pra dar um certo ar de "huuum" à especiaria.
* para a cobertura, glacê à base de marshmallow e surpresas-de-quarta-feira.
Recheio:
* use e abuse da imaginação.
OBS: Caso resolva tornar a mistura mais deliciosa, adicione uma dose tripla de loucura, e todos os outros ingredientes em quantidades exageradas.
Modo de preparo:
* em uma vida bem corrida e por vezes cinzentas, misture tudo. Não há uma ordem específica.
* agite bem.
* é possível que pareça sem sentido. Isso é sinal de que a receita está funcionando.
* aqueça em dias chuvosos com costela coladinha: primeiro enlouqueça, só depois veja no que dá...
Sirva diariamente, de preferência em momentos inesperados, enfeitado com um laço roxo ou música [etíope, de preferência, que faz bem pro coração].
Sonhe e seja feliz.
OBS 2: O USO CONSTANTE CAUSA DEPENDÊNCIA, E EVIDENTES SINAIS DE FELICIDADE, FACILMENTE PERCEBIDOs PELO SORRISO BOBO ESTAMPADO E ARRITMIA CARDÍACA.
[you´re my favorite ice cream]

quarta-feira, abril 19, 2006

Pés de Gato

Às vezes era como um gato. Andava daquele jeito seu, silencioso. Parecia deslizar sobre o chão andando apressado mas sem fazer barulho algum.
Divertia-se, vendo o susto dos transeuntes [quando ele deixava eles perceberem sua passagem]: Tinha aquela coisa boba de brincar sozinho.
Quando não estava naquele bailado silencioso, ficava quietinho observando. Prestava atenção em tudo: nos gestos das pessoas, suas roupas, sua interação; nos pássaros pulando daquele jeito engraçado, perto da barraquinha de cachorro-quente; nas cores da rua, seus barulhos, cheiros... adorava observá-la, quando ela não estava olhando [e também quando ela não estava lá, pois vivia perambulando pela imaginação dele]. O jeito como cruzava as pernas e mexia os pés, como suas mãos delicadas percorriam o cabelo, a forma como o lábio dela se encurvava enquanto falava... prendia-se à esses detalhes bobos.
Era realmente impossível não andar sempre com aquele olhar tranquilo [mas deveras certeiro], e com seu jeito desastrado terminava desviando a atenção dos que pensavam observá-lo.
O que não dava mesmo pra disfarçar era aquele sorriso bobo com um ar de mistério. Talvez sempre soubesse de algo a mais que a maioria das pessoas; talvez risse de suas piadas pessoais que quase ninguém mais entenderia ou talvez mesmo estivesse apenas feliz, como há muito tempo não ficava...
E continuava a caminhar, silencioso, felino, brincando de ser invisível se escondendo dos olhos mais atentos...

sexta-feira, abril 14, 2006

Ele esqueceu o título legal que havia pensado.

Sr pés trocados, o equilibrista de sonhos e aerobata de ilusões, andava praticando um novo truque: equilibrar sorrisos em uma perna só, dando cambalhotas e cantarolando. Aperfeiçoava-se.
O público agradece.
Metia-se em confusões arriscadas, com jeito de realidades prometidas. Já havia sido dito que ele era bom em aritmética: "o preço que se paga em relação ao custo benefício era percentualmente proporcional ao sorriso largo e aos borbolumes e vagaletas que tamborilavam na barriga. Aplicando-se uma taxa de juros moratórios abusiva pra compensar uma vida de espera, teria de regar diariamente os girassóis histericos com momentos mágicos. O resultado da conta é um lucro em forma de sonhos pintados de realidade e futuros desejados. Simples."
Corria pra ver se o tempo passava logo, pra poder acrescentar denovo aquele tom à sua alma sorridente.

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- tenho chado ele estranho. você não?
- ele SEMPRE é estranho.
- é... mas estranho estranho, entendeu?
- ...
- vai ver ele tem um segredo.
- ele sempre tem um segredo.
[e ele ri bobo, brincando com suas descontruções]

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Aceito um alto-falante bem potente de presente.

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E Teresa será entregue na segunda-feira. desejem-me sorte.

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segunda-feira, abril 10, 2006

sufoco-sufoco-corre-derruba-cata-corre-mais-respira

Ele andava com a cabeça nas nuvens, os pés no chão, o coração na mão e o juizo sabe-se lá onde.
Nesses dias ofegantes, se dedicava a tentar escrever sonhos [o que era difícil, já que o monstro papa-sonhos chamado relógio devorava seus momentos entre-horas], desconstruir e brincar com idéias pernetas.
Tornava-se um feirante de primeira, aprendendo involuntariamente a fazer malabarismo com pepinos e abacaxis espinhentos: fazia mágica pra tapar o buraco feito pela retirada do tapete sob seus pés por vegetais de globo ocular obeso. Multiplicava-se, e naquele dia até conseguiu estar em três lugares ao mesmo tempo. sufoco-sufoco-corre-derruba-cata-corre-mais-respira [sem parar de correr] - assina [suaviaminhaviaeadoMeritissimo]-corre-corre. ufa.
Ainda espremia um instante pra convencer cores açucaradas a entrar em uma caixa [e que por favor não saiam aos tapas com o pirlimpimpim que ele anda muito estressadinho] e colava estrelas (e seus dedos juntos, já que era todo desajeitado) pra ficar bonito. De recompensa recebia sorrisos, que valiam tudo (até os arranhões por tentar separar a briga das cores e pirlimpimpim dentro da caixa).
Quando chegava a noite, descobria que as costas tinham virado pátio de rally de tratores, e que algumas partes (que ele sequer sabia que existiam e talvez a descoberta merecesse um nobel) doíam de verdade.
Agora estava ali, e só então descobriu que terminara driblando os ponteiros, sonhando um pouco em forma de letras e que amanhã talvez as olheiras nem incomodassem. Mas precisava de sapatos novos, já que em tantas que anda, não há solado que aguente [menos ainda pés, e trocados...].
E acaba a segunda, enfim. só falta o resto da semana, e vai ser ótimo saber que espécie de vegetal, fruta ou legume de cor estranha o aguarda.
- suspiro -
o.

sábado, abril 08, 2006

Manhãs de sábado imaginárias.

Um café da manhã imaginário na cama:

-bom dia!

-huuum... (sorriso de manha, acompanhado de um apertar de olhos dengoso)

-te trouxe um café da manhã. Torradas, geléia especial, biscoitinhos e um café quentinho com cheiro de "bom dia feliz".

Ela não diz nada, apenas puxa ele de volta pra cama e o beija como se a madrugada ainda não tivesse ido embora.
Ainda restam todos os outros dias da vida de manhãs felizes.

*Café da manhã: "refeição mais importante do dia".
*Esquecer o café no criado mudo e sonhar entre as cobertas: refeição importantíssima para a alma.

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segunda-feira, abril 03, 2006

Curtas, da terra dos sonhos confundida com a outra.

Tamanho foi o susto do Sr. Coelho naquela manhã quando percebeu que seu relógio sem ponteiros havia parado.
Prestes a entrar em pânico lembrou: Seu tempo era reticente.
Se aninhou denovo entre as cobertas com um sorriso bobo e voltou pro mundo das cores, pra sonhar mais um pouquinho.
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Teresa foi moldada de forma apressada.
Entre passos corridos e horas marcadas, ia nascendo.
Pobrezinha, mal nascera e já tinha uma acentuada crise de identidade: não sabia se era filha da Noite Negra com o Corisco Zangado ou dos espasmos involuntários da mão do garoto inclinado.
Fosse como fosse, esperava sair do mundo amarelo-envelope pra imaginação dos devoradores de letras [que é de onde talvez tivesse vindo].
Em breve ele apresentaria Teresa, escapulindo dos cueiros pra irrealidade.
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Lá em cima, estratosféricamente falando: saltando em queda livre.
Aquela sensação de "não ter a mínima idéia", acompanhada do frio na barriga e do gosto das estrelas.
Entendeu??
é. Nem eu.
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