terça-feira, novembro 29, 2005

SOBRE TERÇAS [RETROATIVO]

Tenho de me acostumar com as mudanças extremas que acontecem na virada dos ponteiros.
As terças-feiras geralmente trazem uma carga acentuada de sorrisos. Deve ser alguma forma de compensação pelas segundas-feiras.
Adoro as terças. Em primeiro lugar, por serem imediatamente após as segundas, sendo portando o dia mais distante da próxima segunda; em segundo lugar porque ao contrário daquelas, que possuem uma incômoda conjunção astral, como expus anteriormente (vide outros posts). As terças sempre compensam em poucas horas a segunda.
Nesta terça em particular, após tamanho protesto contra a segunda, foi mágica. De uma hora pra outra as coisas começaram a funcionar, começou uma senhora correria ( e meus pés ainda não desincharam) e quando chego em casa, uma caixa de listras me espera. Dentro dela, imagens, sorrisos, músicas, histórias e possibilidades: Mágica encaixotada. E isso definitivamente transformou todo o resto. Ainda existem pessoas encantadas no mundo, e eu sou um felizardo em conhecer muitas delas.
Tudo ainda anda meio caótico, mas um caos organizado (porque tudo no meu caminho tem de ser conflitante), e quando eu terminar de correr e baixar todas as pilhas de papel que me restam, vou desfrutar de uma boa bacia de água quente pros pés e tranquilidade no fim do mês.

DUAS VIDAS, UMA GARRAFA DE VINHO E DOIS HOMENS CONVERSANDO.

Às vezes pareciam duas histórias ao mesmo tempo, como que o fruto de uma conversa entre dois roteiristas de cinema. Um de drama, outro de comédia.
Havia todos os personagens dramáticos, com direito a pílulas pra dormir, casos mal-resolvidos, músicas tocadas por um pianista de nome melodioso, porres dionísicos que resultavam em lágrimas nos ombros de amigos recém conhecidos e conversas com o espelho do banheiro; também havia os elementos cômicos, como o grandalhão desajeitado e sentimentalóide que escutava atrás da porta - o que era um ato um tanto masoquista-, o amigo que tentava lhe convencer a sair mais de casa e um cachorro com quem ninguém queria ficar. Mas que ninguém abriria mão. Ah, ia esquecendo do envelope de cor estranha atrás da porta-retratos.
A maior parte do tempo tudo se encaixava em uma película de 35mm, mas às vezes escorria pelo carretel e era uma bagunça. Era preciso tesoura, cola e paciência pra dar um jeito em tudo, sacrificando uma ou duas cenas .
A arte de atuação também se confundia. Hora vestia um sorriso e com passos incertos, arrancava gargalhadas, enquanto derrubava desajeitadamente as coisas no caminho. Isso, quando não trajava aquela expressão sisuda, que acentuava suas rugas de expressão na testa. Marcas de dias difíceis por dentro, que nem com todas as cores do mundo sairiam dali (o que não deixava de ser uma cena engraçada, quando pensava no que o Sr. de roupa caqui diria).
Entre uma conversa e outra, os roteiristas teciam possibilidades em lapsos de tempo incerto. Chegara em um ponto onde havia esquecido onde acabava a comédia e começava o drama.
A platéia mudava constantemente. Uns preferiam pipoca e coca-cola, assistindo no fundo e encontrando passagens que remetiam aos seus próprios dias (mas que nunca o admitiriam): os discretos.
Outros preferiam os salgadinhos, fazendo barulho no plástico da embalagem de suas risadas empacotadas (sem entender que eles eram a maior piada): os descrentes.
Enquanto não se decidia pela comédia ou pelo drama, dançava e tropeçava, carregando em um bolso um lenço úmido daquele dia dois sonhos atrás, e em outro seu nariz vermelho, para quando lhe fizessem de palhaço.
Enquanto isso, os dois homens pediam mais uma garrafa de Cabernet e continuavam a imaginar seus roteiros e quanto gastariam com figurantes.
O.

segunda-feira, novembro 28, 2005

SEGUNDA FEIRA...


Eu acho que há uma espécie de conspiração Inca-Venusiana ou conjunção de forças do (nada)Pacífico sul, ou voodo, ou simplesmente Urucubaca mesmo, que ganha um acentuado poder nas segundas-feiras. Ou talvez essa confluência gire contra mim, porque definitivamente, as segundas são dias bem difíceis. Esta em particular. - sim, eu fico de mau-humor. Não, não é falta de cafeína.
(ps1: alguem me empresta uma Ak-47 pra eu cometer um atentado violento na seção de atendimento telefônico da Credicard? isso tornaria minha segunda-cinzenta um adorável início de semana sorridente e pintado de vermelho)
(ps2: ninguém teve ainda a idéia de inventar músicas de espera no telefone que não façam você querer quebrar o mesmo?)
(ps3: Descobri um vocabulário de obscenidades que eu nunca imaginei que tivesse... se minha santa mãezinha ouvisse isso, ia dar bom uso pro sabão de côco.)

domingo, novembro 27, 2005

ILUSÕES EM FUMAÇA AZULADA.

Eu me lembro daqueles dias, em que subia no telhado para me aconchegar entre as estrelas.
Bebia um doce vinho, enquanto minha companheira solidão não vinha.
Recitava versos ao vento sobre como fora e como seria. Falava sobre dias melhores, cores encantadas e estrelas sem dono. Sobre sorrisos em pares e sonhos que sempre estariam ali.
Sempre me resguardava na justiça poética e na beleza das mentiras que os poetas cantam, quando beijam baco e dançam com as estrelas.
Mas minha companheira solidão faltou ao encontro, e tive de me contentar em olhar a lua se perder na fumaça do meu cigarro...
o.

sábado, novembro 26, 2005

Ao ilustríssimo Sr. Pan



Depois das reviravoltas e confusões, cortesias e desconcertos, acho que descobri a perspectiva que deve ser focada por este lado da lente.
Se do outro lado do espelho os escondidos sorrisos brincam, do lado de cá a brincadeira toma outro rumo.
Estou aprendendo Sr. Pan, estou aprendendo...
[Esse filme eu já assisti muito, e nao há tecla SAP.]
(que me puxem as orelhas, quando for preciso.)
o.

Tom.de.novo

Enquanto esse sol vermelho de sono
engana o sorriso e diz "será?", fogem
às lágrimas cadentes estrelas em Sol#
escondendo tons de dias fictícios em
canções e cores, até que as flores gritem
ou que se veja um tom menos Blues,
no azul desse céu de cajuína.
o.

quarta-feira, novembro 23, 2005

As novas viagens...

O espaço á existente tornou-se pequeno. Vivia em um hipermundo de [im]possibilidades, às quais sempre encontrava um jeito de converter em sustenidos ou doses de café.
Os bemóis deixou em orbitais passados, agora restaram o que estava dentro da bola de neve artificial e a caixa de papel, repleta de sonhos. Criar incertezas e adestrar palavras era um oficio trabalhoso, mas lucrativo.
Sempre se pegava naqueles segundos de devaneio, onde o surto de modelar superava a incapacidade de articular cores por segundo em trocas de olhares. Já que nada restava além do que atrás das lentes foi capturado, resolvel embrulhar tudo em papel colorido com uma fita bonita e roubar mais um pedacinho do mundo de zeros e uns para si.
Que seja inaugurado o novo orbital ilusório, ponto de fuga de insanidades e desconstruções, pois só as irrealidades são perfeitas. Bem vindos.