quinta-feira, dezembro 01, 2011

Despertar


Existe algo de miraculoso e sagrado nas grandes forças da natureza. Ninguém lembra das benfeitorias tão bem quanto dos estragos. Uma Usina Nuclear derretendo, uma enxurrada levando ratos e velhas beatas esgoto abaixo, o chão engolindo criancinhas e estátuas.

Há também os eventos silenciosos. Eles acontecem sorrateiros, em um plano de existência que por vezes contagia à uns tantos, mas é percebido por poucos e provavelmente ninguém compreenderá o contexto geral. É exatamente essa a ideia. É uma espécie de Revolução e Sexo – toda orgia é uma guerra – que acontece quando grandes forças da natureza que se encontram adormecidas, terminam por se misturar. O Despertar de ambos poderia sacudir trópicos, deslocar o eixo da terra ou mesmo rasgar páginas e páginas de poemas tolos.

É algo entre um furacão e um terremoto. Um mini-cataclisma que inicia com um tremor e logo se transforma em estrondo e gritos de pânico. O mais estranho é que a sensação lembra a de um gozo, porém nem de longe tão melancólica ou instantânea. É uma espécie de dança Xamânica com Big Bang e alguma dose de sadomasoquismo. Um sentimento de queimação e formigamento que em segundos se transforma em euforia e incêndio.

A alma grita e ri como a gargalhada de uma profetiza louca, uma velha cigana cantando na chuva. Um incesto – sim, todas as tormentas tempestuosas são da mesma família estranha – sórdido, vagabundo... iluminado! Um uivo degenerado e insano que faria os mais apressados vanguardistas sentirem vergonha (leia-se Inveja)!

Imagine o encontro da pólvora com a chama, mas com uma sensação de se lamber uma nuvem temperada por relâmpagos. Um misto de luz, metanfetamina e incenso, com a cor daquelas manhãs douradas e também do céu tempestuoso de dezembro.

Gnóstico e anarquista.

Eles riem dos que ainda andam para frente: Coitados, tão apegados à segurança de seus sapatos lustrosos que esqueceram dos atalhos, dos caminhos incertos, pedregosos e cheios de curvas. Eles riem histéricos. Esqueceram como andar para frente. Suas aventuras são inquietas demais para o caminho. Terremoto et Furacão, mas com o beneficio da clandestinidade, o silêncio ensurdecedor do anarquismo das causas banais: Abaixo à Monarquia Monocromática das Certezas. A vida precisa de mais cor, mais caos, mais incertezas, mais sonhos.

Que o mundo seja engolido pela loucura apocalíptica deles.

Terremoto et Furacão, destrua a estrada amarela. Nada sobre da velha casa, nenhuma construção sobre alicerces. O teto são as estrelas, o caminho ilimitado. Tudo o que restará são marcas de gozo e o cheiro vermelho de sexo, além de uma vida de convicções abaladas.

Insurreição e Volúpia!

E na dança das ampulhetas atômicas, uma coisa é certa: Quando se fala sobre forças da natureza, a imprevisibilidade de seu sono é perturbadora!

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